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A pandemia de covid-19 em curso, é um evento global que evidencia sobre tudo no Brasil o projeto necropolítico da colonização pela ótica do atual desgoverno, escancara um tecido social puído, impossível de restauração, em estado de ruína que engendra mecanismos de exaustão notáveis, ao mesmo tempo que a exaustão presente também convoca a partir dos escombros, imaginar imagens que ultrapassem o “novo normal”, ultrapassem o linear da colonialidade e o lançar cotidiano das existências afroindígenas, diaspóricas, transatlânticas para o trauma.

“Enquanto for normal, não será novo”, diz a mensagem que li em uma intervenção urbana recentemente.

“Reescrevendo o Futuro”, tema da III Mostra de Cinema Negro de São Félix, além de desafio curatorial, convida adentrar a infinita nuance da experiência corpa-subjetividade, arquitetura primordial que possibilita coexistir na e com a atmosfera terrestre para especular práticas de liberdade que, enquanto reconhecem, violam o mundo como conhecemos. Convida sobre tudo, para a urgência acerca da criação de éticas e políticas que ressoem como rotas de travessia no contemporâneo.  

“Criamos discursos e imagens sobre nós e sobre a realidade como tentativa de interpretar e expressar o que é viver neste plano. Neste processo de produção de uma forma de ser, estar, sentir, desejar e pensar a vida podemos nos fechar a uma forma fixa e rígida de ser no mundo, o que caracteriza a neurose.” (VEIGA, Pg. 32)

A citação acima indica a proposta de sentido desta sessão, um exercício de fuga da neurose a partir da linguagem fílmica, norteada pelo recorte temporal das produções que atravessam memórias pré e durante pandemia, se utilizam dos smartphones, cybershots e das implicações que contextos de isolamento social configuram, repensando formas de transitar, curtir, afetar e ser afetada, afetade, afetado.

É possível percorrer pelas produções, incorporando espirais, manifestando múltiplas leituras ao alterar a ordem de interação com os filmes, disponíveis através do site, entre os dias xx e xx de maio. Lembre-se de conferir as demais sessões e a programação presencial da III Mostra de Cinema Negro de São Félix. Boa sessão!

Adu Santos

Hiatos (PE) | Direção: Marcela Coelho
07:05
Afetadas (PE) | Direção: Jean
19:36
Olhos de Erê (MG) | Direção: Luan Mango
10:46
Disruptar (BA) | Direção: Ramon Fontes
07:15
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